Microvita brutos e subtis

«Microvitum é um ser muito subtil. Dos três tipos de microvita, o tipo mais bruto é instrumental na emanação de vida por todo o cosmos. Eles criam agitação dentro de uma estrutura física. Nos estágios subsequentes, através de choques e coesões, enormes mudanças tomam lugar na estrutura física. Este processo levou à emergência dos dinossauros, mamíferos e finalmente, de seres humanos inteligentes.

Microvita subtis, que são demasiado subtis para surgirem no alcance de um microscópio muito desenvolvido, dividem-se em duas categorias. Uma categoria funciona no mundo da perceção, através de inferências como o som, toque, forma, sabor e cheiro, e a outra categoria funciona diretamente dentro de um reino mais subtil – isto é, dentro da mente humana.

Esses microvita que não surgem dentro do alcance de um microscópio mas estão dentro do âmbito das inferências são conhecidos pela sua forma coletiva e designados de “yakśas”. Como são percebidos através das vibrações inferêncionais, o seu campo de acção é a mente humana. Eles são instrumentais em despertar a propensão de acumular mais e mais riqueza. Embora esta propensão tenha alguma necessidade pessoal e espacial, é principalmente uma doença psíquica. Na maioria dos casos, esta doença psíquica despertada pelos yakśas é mais fatal que as doenças chamadas “yakśmá” (tais como a tuberculose ou consumação). Já produziu tendências extremamente dissiparas na sociedade humana, e levou à exploração de um grupo de seres humanos por um outro grupo que se sentiu superior ao ouvir as lamentações dos outros. O irresistível desejo para adquirir riqueza – o desejo pelo capitalismo e pela estrutura capitalista – são baseados nesta doença psíquica. Dá lugar ao crescimento da insaciável ganância e consumismo dos capitalistas. O nome coletivo de microvita que produzem esta doença na mente humana, na psíque humana, é chamado “yakśa”. Quando uma pessoa, desprovida de qualquer ideologia, se absorve completamente no pensamento de acumular riqueza, os yakśas começam a sua dança frenética nessa mente. Estes yakśas são um dos sete tipos de davayoniis (os outros são gandharva, kinnara, vidyádhara, videhaliina, prakrtiliina e siddha) que são os nomes coletivos de diferentes categorias de microvita.

Gandharva é o nome coletivo daqueles microvita que despertam na mente humana o amor pelas belas artes. Eles inspiram as pessoas a cultivarem as belas artes. Intoxicam a mente humana e mantêm-na absorvida no ritmo e na ideação da música e dança de forma a que o pensamento sobre o mundo externo se suspenda no mundo da ideação subtil. As belas artes são conhecidas como “gandharva vidyá”. Quando a mente humana está exclusivamente preocupada em idear na música e na dança, significa que a matéria mental foi totalmente seduzida por estes gandharvas. Eles ligam o mundo material com o mundo da ideação subtil. Esta categoria de microvita funciona dentro da mente humana e são maioritariamente de uma natureza amigável. Eles transmitem mensagens do mundo subtil para o ouvido humano no mundo físico e, através da remoção da escuridão da ignorância, iluminam e inundam a mente humana com refulgência divina

Kinnara é uma categoria de microvita que cria uma sede pela beleza – um forte desejo pelo embelezamento e decoração. A palavra Kinnara significa “receptáculo de beleza” ou “uma estrutura bela e graciosa”. Esta categoria de microvita cria uma tendência na mente humana para tornar o corpo humano tão belo como todas as formas e figuras que observa no mundo externo. Esta tendência ou propensão é chamado “kinnari vrtti”. Se os kinnaras direcionarem a mente em para a matéria bruta em vez de a levar em direção às camadas mais subtis, são considerados microvita inimigos ou microvita negativos. E se os mesmos microvita levarem a mente em direção à pureza e beleza, e depois ajudarem a fundir essa mente refinada na Entidade Suprema, são considerados microvita amigáveis ou microvita positivos.

A seguir vêm os microvita vidyádhara, o nome coletivo daqueles microvita que criam na mente humana um desejo profundo para alcançar boas qualidades. Os seres humanos, devido às suas inspirações e impulsos internos, são capazes de adquirir uma vasta riqueza de qualidades acumuladas. Se este impulso for direcionado para realizarem ações nobres e louvarem as qualidades divinas de Parama Puruśa, então estes microvita tornam-se instrumentais na promoção do bem-estar humano e podem ser considerados microvita amigáveis. Se os mesmo microvita criarem na mente humana uma tendência para a busca de ganhos materiais como nome, fama, etc., são considerados microvita inimigos.

O nome coletivo para a categoria de microvita que causa os seres humanos a correrem em busca dos prazeres brutos da vida é “prakrtiliina”. Se os seres humanos não mantiverem companhia com pessoas virtuosas ou não estudarem livros inspiradores, e se as suas mentes não estiverem saturadas com amor pela Entidade Suprema, então esta categoria de microvita inimigos irá infestar as suas mentes. No final, a estrutura dessas mentes irá ser brutificada e, através de dogmas, chegarão ao ponto nadir da brutificação.

Existe ainda uma outra categoria de microvita cujo nome coletivo é “videhaliina”. Estes microvita causam a mente humana a correr de um lugar para outro e, finalmente, levam-na para longe de Parama Puruśa. Eles mantêm a mente humana oblívia ao propósito supremo da vida. Devido à sua sede interna pelos ganhos materiais, eles forçam a mente humana a correr em círculos, como os burros que caminham infinitamente à volta do moinho para fazerem girar a mó. Eles tornam a mente humana irrequieta e, ao desencaminhá-la, atiram-na para uma confusão total.

O sétimo e último tipo de microvita é conhecido como “siddha”. Siddha é o nome coletivo daqueles microvita que ajudam no campo da espiritualidade. Estes microvita habilitam a mente humana a superar os níveis físico e psíquico, e guiam-na para o mundo da cognição. Aquelas pessoas que já têm um desejo de desenvolver as suas faculdades cognitivas, são ajudadas por estes microvita para que esse desejo cresça mais e mais. Aqueles que têm um desejo para abraçar a vida de um renunciante são muito inspirados por estes microvita. Acabam por desenvolver um desejo tão intenso que deixam as suas casas. Aqueles que desejam realizações místicas irão ultimamente tornarem-se seres iluminados. Estes microvita siddha levam a chamada sonante do vasto oceano da Consciência Suprema, para as profundezas da mente de seres humanos comuns que guardam os seus pequenos terrenos, e guiam-nos em direção à Entidade Suprema. De facto, este tipo de microvita ajuda os aspirantes espirituais de diversas formas. Aqueles que entram em contato com os siddhas e os percebem, dizem que o chamado Sudharsana Cakra (o disco cósmico do deus mitológico Viśńu) não é nada mais senão o nome simbólico dos siddha.

Suponha que um jovem está a jogar críquete algures. A meio do jogo ele tem uma súbita realização que causa uma tremenda agitação na sua mente. Ele decide renunciar a tudo e parte em busca de algo que ainda desconhece. Este é o trabalho dos siddha. Um príncipe vive no meio da luxúria e, subitamente, adota a vida de um renunciante e procura pela causa da miséria humana. Um pequeno rapaz de oito ou dez anos de repente torna-se irrequieto pela aquisição de conhecimento e decide deixar a sua família e caminhar em direção a um destino desconhecido. Todos estes são resultados das actividades incessantes dos siddhas.

A julgar pela natureza destes microvita, é claro que eles não são da criação dos seres humanos. Nem é possível que os seres humanos os lancem para a vastidão do cosmos. Super-homens não conseguem criar estes microvita, muito menos um ser humano comum. Obviamente que estes microvita são emanações da Entidade Suprema.»

P.R. Sarkar
26 Fevereiro 1987, Calcutá

Microvitum in a Nutshell

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